sábado, agosto 07, 2010

The Disintegration Loops II

Ontem, como em qualquer outro dia, deitei-me tarde. Dei comigo deitado na cama sem sono, pensando em coisas que não devia. Para as horas que eram e para a quantidade que tenho dormido, eu devia estar exausto. Mas não. A mente humana divaga demasiado e a minha pensa, cria, revê e sofre momentos antes de adormecer. Quando já não sabia o que fazer, peguei no meu mp3 e arrisquei-me mais uma vez pela sonoridade de William Basinski. Mesmo que não me tenha ajudado a adormecer, a verdade é que desta vez ouvi uma das suas músicas na totalidade. Foram 42 minutos.
Mantenho tudo aquilo que disse quando falei deste senhor pela primeira vez. As músicas são lindas, mas são demasiado longas. Ouvi-las não devia ser uma tarefa tão grande ou uma aposta ainda maior num estado de espirito perfeito para tal. Estas músicas deviam ser mais acessiveis. Contudo, há que ter em mente toda a longevidade da música. Ontem, enquanto ouvia e percebia melhor este segundo volume, apercebi-me que tudo é uma experiência. O que aqui temos é a exploração da morte, do desaparecimento e, tal como o nome, da desintegração de algo. Todos este parâmetros aparecem em todas as criticas que li, mas penso que para percebê-las temos mesmo de ouvir pelo menos umas das músicas até ao fim.
A desintegração é um tópico interessante, principalmente na música. Conta a história, caso não tenham lido o excerto que coloquei do Pitchfork, que Basinski tentou passar músicas que tinha gravado em fita magnética há muitos anos para formato digital. Quando o tentou fazer, apercebeu-se que a fita tinha-se começado a desintegrar e aquilo que restavam das suas músicas não eram mais do que ecos e pequenas semelhanças perdidas. O "loop", que igualmente constitui o nome, serve para nos apercebemos de como as músicas se vão desintegrando. Ouvindo apenas 10 minutos de uma das suas músicas, como tinha dito anteriormente para fazerem, não vos dá acesso a esta experiência. Ao longo dos 42 minutos, senti a música melódica, que ouvirão de seguida, transformar-se em ruidos cada vez mais presentes, onde cada elemento começa a desaparecer e a ser impossivel de reconhecer individualmente. São ecos, pequenos registos de algo que já foi ou de tempos passados. Tal como todos nós um dia iremos sofrer.
Sem querer parecer demasiado "pseudo", é mais do que óbvio que adorei ouvir esta música e perceber o seu sentido. Contudo, continuo a não conseguir aconselhar a ninguém. É algo que vão ter de descobrir e pensar se devem ou não investir naquilo que eu considero ser uma experiência. Podem também achar que estou a exagerar, visto que escrevi dois textos contraditórios sobre o mesmo autor. Penso que irão fazer a vossa decisão nos primeiros 10 minutos.
Continuo a achar que as músicas são muito longas e que este efeito poderia ser feito em muito menos tempo e continuar a ter o mesmo sentido. Pode-se também contra-argumentar que o tempo é necessário para criar este efeito de desintegração lenta, mas presente. E que fique claro que eu percebo e respeito a escolha. O meu problema é que algumas pessoas possa evitar estas músicas simplesmente porque são muito longas e repetitivas, não dando uma segunda oportunidade para tentar perceber o que se passa. No entanto, é algo do qual não me arrependo de ter feito e de ter perdido alguns minutos de sono. Irei dar uma vista de olhos pelos próximos dois números dos "The Disintegration Loops".
Mais uma vez digo que este tipo de músicas consegue ter uma profundidade maior que muitas músicas cantadas. Isso fascina-me.

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