Diálogos com alguém que não te quer ouvir

“Tal como faço todos os dias, hoje, logo pela manhãzinha, fui dar dar o meu rico passeio pela zona da antiga Expo( eu não gosto cá de coisas como o Parque das Nações!). Tal como acontecia todos os dias, encontrei novamente o meu grande amigo Zé, que por mais esquisito que pareça, estava sóbrio.
Aproximei-me dele e tal como fazia todos os dias espatei-lhe um pontapé na cabeça. E tal não foi a minha admiração ao vê-lo cair nno chão, mas o que se passava com o Zé?
Fui ter com ele e deitei-me também no chão para ver como estava. Gritei-lhe tanto nos ouvidos que até apareceu a polícia a pensar que uma mulher estava a ser violada. Mas o que tem isto a ver com uma mulher a ser violada? Cá para mim, e não vou dizer nada de estranho, os polícias queriam era ver a bela da txoina da mulher! Ah pois! Porque acham que há sempre tantos polícias envolvidos num caso de violação? É nudez grátis?? Mas ainda ninguém tinha notado nisto? Ai ai, bem adiante...
Depois de tanta trapalhada ( olha que palavra bonita), lá consegui acordar o Zé. E querem saber uma coisa? Depois de estar ali com ele durante minutos e de o ter ajudar, o palhaço manda-me um selo mesmo nos tomates! Mas que merda é esta? E ainda diz que não me conhece! Que vergonha...Uma verdade seja dita, eu nunca o tinha visto sóbrio, todas as vezes que o via ele estava bêbado, por isso até que é normal:
- Epá tu sai de ao pé de mim! Que eu não tenho tempo para isto!- gritou ele de uma forma rude e pouco apropriada para aquele ambiente belo e de uma Natureza ainda mais bela:
- Tempo? Tu por acaso falaste em tempo?
- Sim, por acaso falei e já te disse que não o tenho!- respondeu outra vez de uma forma pouco ortodoxa
- Pois acredito que não o tenhas e eu sei porquê. Porque tu não sabes o que é o tempo!- contra-ataquei de uma forma gloriosa e bonita!
- Oh não! Não venhas com merdas! Eu já tou a ver quem tu és! Tu deves ser aquele a que chamam de Zé Mariano! Tou tramado, se tu não te calas eu nunca mais chego ao casamento da minha filha! És um chato da merda não és?
- Já que tás a pedir com tanta força, eu vou dizer o que é o tempo e prometo que não vais ficar decepcionado!
- Mas eu não quero ouvir! Tou-me a cagar para o que é o tempo! Oh meu Deus!
- Pronto aqui vai!

É neste momento que Zé se atira contra um poste e fica imóvel no chão. Perante tudo aquilo, eu continuei! Era normal vê-lo assim, não era a primeira vez e para além disso, era o meu momento de brilhar em plena Expo ( e não venham cá com merdas que é o Parque das Nações! É a Expo e acabou!) :

- o tempo, para além de todos os dias nós irmos à casa de banho, tem uma particularidade! Tal como os pássaros não voam, mas limitam-se a seguir linhas aéreas criadas por Da Vinci, o Tempo ( o senhor tempo) é aquilo quetu e eu não pensamos. Eu vou simplificar...o Tempo é tudoaquilo que existe, é um objecto com objecto, tal como a belada filosofia, pois esta tem objecto. Mas o tempo não temmétodo, logo que faz dele um simples Nexodius em todo oMundo, tendo sido capturado e colocado nos que chama-mos hojede relógios.
Percebes agora o que é o tempo?

Verdade seja dita, o pobre homem nunca mais se levantou! Não sei o que tinha e também não quis saber! Já tinha brilhado e por isso, nada mais interessava. Até porque eu me tava a cagar brutalmente.
Já era e tarde e decidi voltar para casa, ainda tinha uma grande caminhada pela frente...”

Excerto da obra Diálogos com alguém que não te quer ouvir, de Zé Mariano