domingo, fevereiro 14, 2010

Metal Gear Solid 4: Guns of the Patriots



Foi em meados de 1998 que joguei o primeiro Metal Gear Solid. Depois de meses a seguir a sua evolução pela revista oficial da playstation, tive finalmente a oportunidade de o jogar quando um amigo meu o comprou. Havia uma coisa que faziamos sempre quando eramos miudos: troca por troca. Se queriamos que nos emprestassem um jogo, tinhamos de emprestar outro. Se não tivessemos um jogo que a outra pessoa gostasse, muito provavelmente nunca nos emprestaria o jogo que queriamos. Já não me lembro qual foi o jogo que emprestei, mas lembro-me, isso sim, que tinha para escolha o Resident Evil 2 ou o Metal Gear Solid, dois jogos que eu queria mesmo jogar. Se não fosse por causa de um amigo meu de infancia, talvez nunca tivesse jogado Metal Gear Solid. Fez força para que eu o escolhesse, então levei-o para casa e jogámos as primeiras horas do jogo. Foi nesse momento que a saga Metal Gear passou a ser das minhas favoritas.
Metal Gear Solid é, sem quaisquer dúvidas, um dos meus videojogos favoritos. Tanto a história como a jogabilidade inovadora apanharam-me totalmente desprevenido. Tudo parecia saido de um blockbuster norte-americano, desde as sequencias de acção até à história. Foi das primeiras vezes (sem contar com o Final Fantasy VII) que vi um jogo dar tanta importancia à história. Existiam sequencias de 20 minutos só com diálogos e desenvolvimento da história, uma jogada arriscada que valeu a pena. Este era o começo de um amor de longo anos pelo personagem Solid Snake, um expião norte-americano, destemido, corajoso e a única salvação do mundo.
Lembro-me tão bem do tempo que passei com o jogo. Dos puzzles, das batalhas com os bosses e de fugir para dentro de condutas quando a base ficava em estado de alerta. Este foi o primeiro jogo que me fez ficar até tarde a jogá-lo. E quando eu e o meu amigo, já depois da meia noite, conseguimos chegar ao fim do jogo, sentimos que tinhamos conseguido algo mágico no mundo dos videojogos. No entanto, sentiamos uma tristeza enorme por termos acabado um dos melhores jogos que alguma vez jogámos. Enquanto ele saia de minha casa, apenas um pensamento pairava no ar: amanha recomeçamos.
Joguei todas as sequelas. O Metal Gear Solid 2 foi o primeiro jogo que tive para a Playstation 2. Mais uma vez, eu e o meu amigo passámos as férias da Páscoa a jogá-lo sem descanso. Depois saiu o 3º, Snake Eater, uma prequela, que mais uma vez passei com um sorriso no rosto. Foi com esta história de alegrias que fui para Metal Gear Solid 4. Quando foi confirmado para a PS3, ficou logo claro qual seria a consola que iria comprar. Este era o jogo que eu mais queria jogar e esta semana cheguei ao fim. O fim era pregado pelos trailers, pelas criticas e por fãs. Este é o fim de uma das séries mais famosas dos videojogos e é para mim um final pouco digno.
Hideo Kojima, criador da saga, sempre soube contar uma história. O que ele não soube, a meu ver, foi ter todas as coisas que introduzia em cada novo jogo em mente para conseguir interligar tudo. MGS 4 tenta explicar todas as pontas soltas e falha. Não porque não o consegue fazer, acreditem, se tinham duvidas sobre qualquer coisa, este jogo explica tudo, mas sim na forma como o faz. É uma história carregada de tristeza. Sentimos desde o inicio que é a última vez que jogamos como Solid Snake, que no final desde jogo veremos morrer um dos nossos personagens favoritos. Ele está velho, ultrapassado e o valor que dava à vida há muito que foi deixado para trás. É um soldado ultrpassado pelos tempos (tal como ele diz, "War has changed"). Tudo no mundo mudou, a guerra é agora considerada um negócio de milhões e todos os soldados são controlados por uma rede de nano-machines que os torna mais eficazes. Tudo é controlado, nada é livre.
O que me chateia não é o tema ou o ambiente da história, até porque eu gosto de todo este caminhar para o fim. Contudo, Kojima falha em fazer deste jogo uma experiencia imprescindivel. É um enorme melodrama com maus diálogos que serve apenas para interligar tudo aquilo que não percebiamos nos outros jogos. A história dá tanta volta que no final já não sabemos quem é bom e quem é mau. Talvez eu estivesse há espera de demasiado, mas acho que qualquer fã da saga queria um final à medida. Para mim, o que mantem tudo minimamente coeso é o próprio Solid Snake. Vivemos com ele os seus últimos dias. Vemo-lo lutar por tudo aquilo que ele próprio causou ou ajudou a causar. Vemo-lo a tentar encontrar uma razão de ser para além das incontável batalhas que teve de sobreviver. É um personagem que ficará comigo para sempre, pena o final que teve.
Mesmo não achando a história nada de especial, aconteceu-me algo muito estranho enquanto via os créditos finais: eu estava triste. Depois de achar que tudo aquilo era demasiado lamechas para mim, assim que os créditos finais começaram a passar, caiu sobre mim a percepção que este era o fim da saga. Este é o fim de Metal gear Solid, de todos os anos que vivi com este jogo e de todas as horas que joguei. Tudo culminou neste jogo. Kojima sabe brincar com as nossas emoções, pena que neste jogo não tenha sabido. Porque se o tivesse feito, este seria mais um clássico absoluto para a história dos videojogos.
A jogabilidade não é má, melhora aquilo que os outros já tinham criado. Temos uma experiencia muito mais variada e gosto da escolha que nos dá. Podemos jogar o jogo como um titulo de acção, disparando e matando tudo o que se mexe, ou viver a experiência como um verdadeiro expião, matando pelas sombras sem nunca ser visto. Apesar da escolha, acho que o jogo falha em conseguir o melhor destas duas vertentes. O problema é que nunca me senti totalmente satisfeito com qualquer um dos modos. Quando estava a matar tudo e todos para fugir do alarme, sentia que estava a trair as raizes dos outros jogos da saga. Mas quando estava realmente a ser o mais furtivo possivel, o jogo mandava-me à cara tudo o que eu podia fazer com uma arma. É um jogo que consegue ter duas vertentes bem conseguidas, mas que não consegue fazê-las funcionar em conjunto. Sentimos que ou fazemos uma ou fazemos outra, e acho que o Kojima devia ter sabido melhor o que queria deste jogo. Para mim, devia ter apostado mais na acção furtiva, ainda por cima quando temos uma ideia tão boa como o fato de camuflagem (octo-camo), que se disfarça de qualquer coisa desde que estejamos em contacto com ela. Tal como disse anteriormente, senti poucas vezes que tinha de usar esta função.
Os gráficos são bons, a música é da qualidade que estamos à espera e não é, de todo, um jogo pequeno. Muitos são contra o facto do jogo ser constituido por videos enormes, mas para mim, não me fizeram qualquer confusão. São parte do jogo, da sua história. Esta serie sempre deu um enorme enfase na história, dai que não me admire que tenhamos videos tão grandes. É agradável termos vários cenários. Quando me sentia farto de um, como por exemplo, o Médio Oriente, o jogo rapidamente me levava para as ruas de Paris ou para uma base ultra-secreta. Estas mudanças de cenários manteram o jogo vivo e repleto do factor de surpresa. Mais uma vez, tudo o que estragou esta experiência foi a jogabilidade bipolar e a história demasiado melodramática para o meu gosto. Esperem uma experiencia de 10+ horas (eu demorei 16 horas a completá-lo).
O mais estranho é que o jogo está repleto de coisas realmente boas. Mesmo que me queixe da jogabilidade ou dos gráficos, a verdade é que são bons. Não são espectaculares, mas estão bem concebidos. O problema deste jogo reside na história. Eu sei que estou a bater demasiado neste ponto, mas é a mais pura das verdades. Tal como qualquer outro fã, eu queria um final digno tanto para a história como para o personagem principal. Tal como já disse, eu gosto mesmo de todo este espirito de final, de ver o Snake velho perto da morte. Acho que esse é o factor que realmente faz mexer o jogo, é bom ver o personagem forte dos outros jogos, visto como um heroi, tão frágil como qualquer outro homem. A história dá-lhe mais humanidade, mas para que tal aconteça, estraga todos os outros personagens. É tudo demasiado melodramático e fico com a sensação que o Kojima não sabe escrever uma história mais triste sem que se pareça com uma novela. Desde romances estúpidos até a supostos sacrificios gratuitos, Kojima acaba por querer acabar tudo com um final feliz enquanto interliga todas as coisas que ficaram para trás dos outros jogos da saga. Eu sou um enorme fã desta saga e eu próprio digo que a maioria já não fazia sentido. Existiam coisas que eram engraçadas porque eram simplesmente estranhas e sem grande sentido. Estar a explicar TUDO, mas mesmo TUDO, fez com que se perdesse aquilo que realmente interessa na história: o final de Snake. Tudo o que faz é estragar personagens enquanto tenta explicar tudo e eu acho que tudo poderia ser evitado se pegasse no essencial (quem são os Patriots, final de Solid Snake e o que se passa com o Liquid Snake) e não dar conclusões apressadas sobre o universo em geral da saga. Muito dificilmente vejo a história continuar, mesmo sem o personagem. Penso que o futuro da saga esteja nas prequelas como Metal Gear Solid: Peace Walker (mas por aquilo que sei, um Metal gear Rising, protagonizado pelo Raiden, já foi anunciado...estarei cá para ver).
Não quero alongar isto muito mais. Sinto-me desapontado por este final, mas triste ao mesmo tempo. Talvez esteja triste por este jogo não ser aquilo que eu queria que ele fosse, ou então estou apenas triste porque realmente conseguiu mexer comigo. Eu devo admitir que não pegarei nele tão depressa. Enquanto que nos outros já teria por esta altura começado um novo jogo, isso apenas servia para me entreter até ao próximo jogo. Este é o último, não há mais jogos da saga de Solid Snake. É o jogo que ficará para sempre marcado por este aspecto. Talvez seja eu que tenha de meter na cabeça que realmente acabou. Todos nós achamos que conseguimos fazer sempre melhor. A bem ou mal, mesmo sendo o mais fraco dos 4, continua a ser Metal Gear Solid na sua raiz. E esta é uma das minhas series favoritas no mundo dos videojogos e será assim até morrer.

Melhor Momento: Revisitar Shadow Moses, ilha do primeiro jogo. Fiquei mesmo muito emocionado à medida que andava pelos terrenos abandonados e decrépidos da ilha onde tudo começou. Foi mesmo a melhor experiencia que podia ter neste jogo e acho que Kojima acertou em cheio ao decidir inclui-la no jogo.

Pior Momento: Todos os diálogos melodramáticos do jogo, principalmente quando serviram para estragar personagens como a Meryl, a Naomi e o Raiden. Deviam ser perosnagens mais fortes do que aquilo que são no jogo. E fazer deles mais humanos não quer dizer que tenham de ser uns maricas. Para além disso, a obsessão do Kojima em querer explicar MESMO tudo que ficou para trás. Acho que estragou personagens e sequencias dos jogos anteriores para nada (mas pronto, opinião pessoal).

Um bem haja à saga Metal Gear Solid...

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1 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Nerd!

2:51 da tarde  

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