sábado, maio 29, 2010

Eurovisão

Eu nunca percebi o Festival da Eurovisão. Aliás, eu nem a Chuva de Estrelas percebia. Nunca consegui meter na cabeça o que teria um programa de covers ou más músicas de tão especial. Vários paises juntam-se para um show-off musical tentando saber qual deles tem a música pirosa que mais pessoas gostam. Querem um bom programa onde vários paises europeus se juntavam e faziam coisas mais divertidas? Jogos sem Fronteiras! E hoje, vivemos num pais que ainda finge que demonstra interesse por um festival que nunca ganhou e que já ninguém se lembra. É que nos Jogos sem Fronteiras nós chegámos a ganhar, mas agora já só temos o Eurovisão.
Nós agora não queremos batalhas músicais. Se as queremos, preferimos ver pessoas normais a cantar mal para nos rirmos. Se nos queremos unir a favor do pais, gostamos muito mais de ver jogar Portugal...ou então o Benfica, porque depois de ver o Marquês naquele fatidico dia, pensava que ou tinhamos ganho o Mundial ou então os ETs tinham finalmente invadido a Terra para nos escravizar. O nosso patriotismo é das coisas mais estranhas que vi, porque aquilo que eu sinto sempre que falo com alguém, é que não há ninguém que odeie mais os portugueses que os próprios portugueses. Se pudessem, acho que a maioria das pessoas se juntava à Espanha não fosse pelo simples facto que os espanhois nos podem calhar no Mundial.
E no entanto, ainda vamos ao Festival da Eurovisão. Todos os anos seleccionamos um desconhecido com uma música aborrecida ou com um fado. Perante todos os outros números espalhafatosos, Portugal tem de parar de pensar que "se formos com uma música mais calma nós destacamo-nos". Não, errado! Nós ganhamos se formos todos vestidos de monstros ou se tivermos um belo espectáculo pirotécnico. Proponho que juntemos uma banda de Post-Folk Progressivo onde se misturem as sonoridades de um rancho popular com a parte psicadélica de uns Pink Floyd ou dos Gentle Giant. A banda tinha também de ter uma enorme parte coreográfica e iam todos vestidos como os portáteis Magalhães para serem igualmente irreverentes. Tudo culminava numa enorme explosão de fogo de artificio que formava as palavras "Já Ganhámos!"
E sabem que mais? Aposto que não ficavamos nos últimos lugares como costumamos ficar. É isso que vende e mesmo que achemos que estamos num pais que não se compromete, deixem-me que vos diga que estamos num pais que se deixa andar. Não nos estamos a vender, estamo-nos a transformar. Tenham o cinema português como exemplo e vejam como ainda existem pessoas que acham que um filme sobre relações destruidas vai levar mais pessoas ao cinema que um filme que tenha explosões. Sim, os blockbusters americanos são na sua maioria uma enorme treta, mas no final do dia, são esses os filmes que fazem mais dinheiro. Como podemos ser um pais de artistas, de pessoas seguras de si e da sua arte, quando nem sequer sabemos divertir as pessoas? E é por causa disso que uns Buraka Som Sistema fazem mais que o Manuel João.
O problema não é o Eurovisão, somos nós. Todas as gerações têm a sua moda, todos tentam ganhar, mas quando não o conseguem, desistem. O Festival é uma treta, claro que é, aliás eu só vi o festival com atenção quando foram as T.A.t.u. (duas gajas a beijarem-se na televisão? FUCK YEAH) e os Monsters, mas também a maioria da nossa música o é. E o que me chateia mais é não conseguirmos apoiar aqueles que querem realmente mudar qualquer coisa e que são sinceramente bons naquilo que fazem. Por essa mesma razão continuamos a participar no Eurovisão mesmo quando já ninguém liga, apenas porque temos um lugar confortável para perdermos e não fazermos muito mais.
Eurovisão, nunca te vou perceber. Nem sei se vou sequer tentar. Tu assustas-me com tantas músicas más e ainda me deixas mais inseguro quando não deixas ganhar génios como o José Cid. Por pior que sejamos, tu também não és lá grande coisa. Só me chateia que continuem a querer dar-te tanta atenção, a mimar-te tanto quando já tens mais de 40 anos e continuas a viver com os teus pais. Vá, vê lá se segues a tua vida e páras de ser mais um motivo para nós perdermos. Bolas, alguém que traga os Jogos sem Fronteiras de volta, senão estamos ligados!

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