quinta-feira, agosto 19, 2010

Silent Hill: Shattered Memories

Se Silent Hill não é a minha série de videojogos favoritos, anda lá perto. Como já o disse inúmeras vezes, Silent Hill 2 é o meu videojogo favorito, conseguindo ter uma história fenomenal, um ambiente assustador e perturbador, uma banda sonora fantástica e uma jogabilidade bem concebida. Contudo, desde que a série saiu das mãos da Team Silent, criadores da saga, e deixou o oriente para se aventurar em mãos ocidentais, nunca mais tem sido a mesma. Depois de jogar Silent Hill Origins e ver as criticas para Homecoming, temi que fosse o fim da série. Mesmo não estando totalmente descansado com o futuro da série, apercebi-me que devo alargar mais os meus conhecimentos da série e deixar os vários estúdios experimentarem. Homecoming é um bom jogo e um dos melhores em termos de ambiente, e Shattered Memories tem uma excelente história, mas jogabilidade e ambiente desinteressantes. A série, o universo, têm muito para dar e começa a ser interessante ver como nenhum estúdio vê a cidade de Silent Hill da mesma forma.
Shattered Memories é uma espécie de remake do primeiro Silent Hill. Continuamos a ser Harry Mason, numa das piores noites possiveis, enquanto tenta encontrar a sua filha desaparecida pelas ruas desérticas de Silent Hill. A história deste jogo é boa, tão simples quanto isto. Apesar de ser um remake, pegam apenas na premissa inicial e criam algo novo. Temos os mesmos personagens e os mesmos nomes, mas tudo está diferente. A história tem um lado muito mais psicológico e intimista que a história original. Todo o culto de Silent Hill ficou de fora (rituais satânicos, infernos, nascimentos de deuses pagãos, coisas normais e tal) e criaram uma versão que até sou capaz de dizer que é melhor que a original.
Eu gosto de Shattered Memories. Gosto da história, dos diálogos, das cenas com o psicólogo onde fazemos pequenos testes psicológicos que afectam o resto do jogo (não a nivel da história, mas a nivel de fatos e cenários...basicamente, se somos tarados, vai andar quase tudo nú, sendo essa a forma que vemos as coisas), mas o jogo tem uma enorme falha a nivel da jogabilidade e do ambiente. Este jogo não é assustador e isto é a pior coisa que podia dizer. Mesmo a série não sendo a mais assustadora de sempre, Silent Hill foi sempre perturbador, totalmente louco, bizarro e desconfortável. Não era um medo que nos fazia saltar, mas era um medo que estava sempre connosco, não haviam pausas, tudo era nosso inimigo e a qualquer momento as paredes podiam-se encher de sangue (isto acontece em Silent Hill 3) ou ficarmos a descer as mesmas escadas durante 10 minutos enquanto nos sentimos a aproximar cada vez mais do próprio inferno (Silent Hill 2). Contudo, Silent Hill Shattered Memories não tem momentos como estes (sem ser o seu final inesperado), nada é memorável.
Primeiro, não deviam ter substituido o nevão e cinzas por gelo. Silent Hill está a sofrer o maior nevão na história da cidade e a maior parte das ruas está subterrada. Para além disso, os monstros só aparecem quando fica tudo congelado. O que isto tem de mal? Bem, eu não acho o gelo muito assustador, os monstros não são muito assustadores e nós sabemos sempre quando eles vêm! Não está nada congelado? Então não há monstros, tão simples quanto isto. Isto quebra totalmente a tensão que existia na série. É algo que me entristece, porque sempre que jogo um Silent Hill, estou à espera de ser impressionado com qualquer coisa. Neste aspecto, Homecoming, mesmo não inovando muito, cria um dos melhores retratos de Silent Hill (mas isso fica para outra critica).
A jogabilidade não é má, mas também não é nada de especial. Nesse aspecto, nenhum dos SH é, mas neste achei que faltava qualquer coisa. Visto que este foi um jogo pensado para a Wii e eu joguei a versão PS2, talvez isso queira dizer muito, mas mesmo assim, acho que podiam ter feito melhor. Criam a possibilidade de podermos apontar a lanterna para qualquer sitio, mas não nos dão boas situações para o fazer. Gosto, isso sim, do telemóvel que Harry usa. Gosto que possamos ver coisas com a câmara do telemóvel e que possamos receber mensagens/chamadas de pessoas de Silent Hill. Acho que dá um toque diferente à cidade, não como estando totalmente abandonada e sem rasto dos seus habitantes, mas como algo parado no tempo, preso por qualquer coisa. Também não existem combates neste jogo. Sempre que os monstros aparecem, o jogo muda para uma jogabilidade de fuga, onde temos de fugir dos inúmeros monstros que nos perseguem e escapar do sitio onde estamos. Eu gostei destas secções, o combate não me fez assim tanta falta no ambiente geral do jogo, mas acho que mesmo assim, senti que deviam ter mais tensão, mais perigo e mais emoção. Acabamos por nos perder ou andar às voltas pelos sitios, e em vez de isso criar tensão ou medo, cria irritação. Mas no fundo, gostei e acho que foi bem pensado.
A música é mais uma vez composta por Akira Yamaoka e apesar de ter os seus momentos, é uma banda sonora mais cansada e não tão memorável. O trabalho de Yamaoka na série nunca foi mau e nunca se aproximou de tal. Basta ouvirmos algumas das suas obras para termos consciencia disso. Acho que o problema aqui foi mais uma questão de importância. A música não está num plano tão importante, é mais ambiente e de enchimento que as outras. O ambiente eerie continua, mas não o achei tão forte como nos outros. Este foi o último trabalho de Yamaoka para a série e mesmo que a noticia me tenha deixado muito triste, senti que talvez tenha sido o melhor. Ele fez as bandas sonoras para todos os jogos da série e todas elas são muito boas, mas sinto que ele próprio ficou cansado. Prefiro que ele leve o seu talento para algo novo e refrescante, podendo experimentar à vontade e criar excelentes músicas. Silent Hill, como série, precisa de sangue novo, de uma mudança, e talvez Shattered Memories, que já consegue mudar tanta coisa, precisasse disso também a nivel sonoro. Mas no fundo, Yamaoka consegue mais uma vez uma boa banda sonora.
Silent Hill: Shattered Memories é um bom jogo. Eu sei que digo um bocado mal dele, mas no fundo é um bom jogo e uma boa entrada para a série. Há já muito tempo que um Silent Hill não tinha uma história tão bem construida e aproveitada (não acredito que Homecoming venha a ultrapassar isto), e é isso que me deixa irritado. Este podia ser o melhor Silent Hill desde o segundo se não fosse pelas suas más escolhas em termos de jogabilidade e ambiente. O gelo, apesar de ter um significado importante para a história, não é algo que assuste ou fascine. É algo diferente, mas não tão bem concebido. Talvez tenham sido problemas de budget, mas sinto que este jogo poderia ter sido muito mais. Se tivesse o ambiente e jogabilidade de Homecoming, este seria um jogo muito superior. E digo isto já sendo ele um bom jogo, tendo todos esses elementos, seria algo espectacular, ficando ao nivel dos quatro jogos originais (e isso para mim, é dizer mesmo muito).
Este é jogo que põe a história à frente da jogabilidade e acho isso admirável. Se têm uma Playstation 2 ou uma PSP ou uma Wii, e gostam de jogos ou histórias de terror, dêem uma oportunidade a Shattered Memories. Aliás, joguem a série toda se nunca o fizeram.

Nota pessoal - 8 em 10


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