segunda-feira, agosto 21, 2006

Filme de Série - Z - Parte 6

Ok, só uma pequeno texto antes do resto da história. Nã meti esta parte mais cedo porque estive uns tempos fora e não foi um tempo de falta de imaginação. Sempre que queiram saber quando eu não estou por estes lados, bastam ver se o Monsieur_Chinese postou alguma coisa nova ou não (esta foi mesmo para ti, buddy!). Pronto, chega de envergonhar o Monsieur_Chinese no Boião e passem lá ao texto, aposto que se sentem memso bem depois de lerem este pequeno texto "introdutório" e que não tirou nenhuns segundos da vossa vida.
- Sim, o Bill está morto e eu vou acaminho da casa de Hamburguers. Faz o que tens a fazer.

Desligou o telemóvel um pouco atrapalhado. Nunca pensara que a situação conseguisse chegar ao ponto de ele ter de actuar. São nestes momentos em que repensamos o verdadeiro motivo pelo qual nos metemos nas coisas e o maldito do medo sempre nos traz dúvidas mesmo quando pensamos que somos uns heróis.
Começa a despir a sua farda. Retira o distintivo, de onde se pode ser o número 42. Deixa a farda no cacifo, retira a arma, carrega-a e mete-a no bolso do seu casaco para não levantar suspeitas. O que tem de fazer deve fazê-lo sem farda, porque no fundo sempre gostou de ser policia, só não concordava com o caminho e ideologias que a esquadra estava a seguir graças à porcaria de Comandante que tinham. Se não fosse ele, estaria neste momento a patrulhar as ruas da cidade e não a brincar às guerras com putos que mal sabem falar, a defender coisas que nem ele nem os seus colegas percebiam, mas que tinham sempre um sabor amargo de cada vez que o obrigavam a engolir aquilo. Não se daria ao luxo de ficar quieto, não desta vez.
Á medida que passava pelo longo corredor que ligava os vestuários à parte principal da esquadra, ia-se lembrando dos bons velhos tempos, dos tempos em que ia trabalhar com um sorriso na cara e tendo smepre em mente que iria ajudar alguém até ao final do dia. Tempos esses que, porra, já lá vão e que nem devia haver necessidade de suspirar por eles, mas, porra, aquilo estava tudo mal. Estava decidido, iria matar o Comandante, pelos velhos tempos.
No altifalante: “Todos os policias da Esquadra, façam o favor de se dirigirem à garagem para se realizar o armamento e sucessivo embarque para o ponto de combate”. Tinha de se esconder, se algum dos seus colegas o visse ele teria de embarcar na missão como todos os outros e nunca conseguiria parar aquele maldito homem a tempo.
“Estou farto de tangas”, pensa enquanto procura um local para se esconder. O seu corpo meio velho já começava a dar sinais de fraqueza e sentia-se como um homem de meia idade à beira de uma crise: “Se calhar ainda estou a entrar na menopausa masculina”. Se as mulheres deixam de ter o periodo, deixaria ele de conseguir exacular? Ficaria estupidamente impotente e sem conseguir fazer nada para parar a sua condição? Não queria ficar impotente, era a pior coisa que lhe podia acontecer naquele momento: Perde o trabalho e perde o prazer do sexo. “Mais valia matarem-me já”. Encontra um pequeno cacifo escondido numa sala abandonada da esquadra. Mete-se lá dentro e espera que todos saiam finalmente em missão. O problema da impotência continua a atormentá-lo, isso não poderia estar a aconecer, é que não podia mesmo. As coisas com a mulher já não estavam muito bem e se agora ficasse...ouve um barulho, alguém se aproxima. Tira a arma do bolso e aponta-a para a porta. O sujeito aproxima-se cada vez mais da porta do cacifo. Pela primeira vez a sua mão treme, ou é por ser a primeira vez que faz realmente algo importante na sua carreira ou a primeira vez que se sente em perigo. “Se estou á vontade nesta cidade, nunca vou estar à vontade fechado num cacifo enquanto se aproxima alguém potencialmente perigoso!”. Dispara quando a porta finalmente abre. O empregado de limpeza cai morto no chão. “Nós tinhamos empregado de limpeza?!”. Atrapalhado, mete o corpo dentro do cacifo e limpa o sangue no chão. “Matei o empregado, que bela merda!”.
Vai à porta e espreita. A esquadra está silenciosa, de certeza que já se tinham ido todos embora. Estava na hora de ser tornar num heroi impotente.
O gabinete do Comandante era no terceiro andar. Começa a subir as escadas e o medo começa novamente a atacá-lo. Ia matar mais um homem, mas desta vez um homem que conhecia e convivia todos os dias e não alguém, que tinha acabado de matar acidentalmente. Tinha de se esquecer o mais rapidamente possivel que tinha morto o empregado de limpeza ou aquilo não ia correr bem. Mas quando se esquecia que o tinha morto, lembrava-se que ia matar mais uma pessoa, e desta vez iria ser alguém que ele conhecia e não alguém que tinha morto acidentalmente...o que o levava novamente ao mesmo. Sem tempo para acalmar a sua alma, tão, mas tão atormentada e corroida pela culpa, continuou a subir as escadas em direcção ao gabinete do Comandante.
Ia matar um homem. Teria ele esse direito? De chegar ali e dar um tiro num gajo que às vezes até era porreio com ele? Pronto, mas também era esse mesmo “gajo porreiro” que o mandava a ele e aos seus colegas para os bairros sociais mais problemáticos da cidade enquanto estava sentado numa cadeirinha de pele a beber um café. Era o mesmo homem que não lhe tinha pago a porcaria da conta do hospital quando levou com uma bala no peito e esteve às portas da morte! Porra, aquele gajo merecia era morrer! E ele iria fazê-lo não pela causa que defendia, ou ideologias maradas que tentava impôr, iria matá-lo pelos seus colegas e repôr a honra de ser policia! Iria ser um heroi, um verdadeiro heroi!
Chega ao gabinete, dá um pontapé na porta. Ele está ao telefone.

- Esta é pela conta do hospital!

Dá-lhe um tiro no braço. O Comandante cai no chão aos gritos. Aproxima-se dele.

- Espera lá, tu não és o Comandante...

- O teu Comandante já deve estar morto neste momento!

- Ó que caraças, já é o segundo hoje...

O homem levanta-se e senta-se no cadeirão. Atrapalhado, decide ir-se embora.

- Então desculpe lá o mal entendido.

Depois pára.

- Mas o que é que você está a fazer neste gabinete e sentado nessa cadeira?

- Estou a limpá-lo.

Começa a fazer as contas, se dois mais dois têm de ser 4, e se aquilo que Azel tinha sobre um suposto infiltrado dos Media na esquadra fosse verdade, juntando tudo ao facto de ser impossivel aquele homem estar a limpar o gabinete visto que ele matou ainda há relativamente pouco tempo o verdadeiro homem das limpezas. A culpa....

- Tu só podes ser o infiltrado.

O homem ri-se.

- Talvez sim, talvez não. Tudo depende de como analisamos as coisas nos dias que hoje correm. É um erro que o povo não consiga...

Dá-lhe um tiro no outro braço.

- Não me tentes baralhar com as tuas tretas de jornalista!

O homem contorce-se no cadeirão. Espreita pela janela e depois pela porta: ninguém. Estava sozinho na esquadra com o infiltrado. O cenário perfeito.

- Pelas minhas contas, já só te falta um tiro. Porque é que não o dás?

Aproxima-se do homem e aponta-lhe a arma.

- Não tens muitas hipóteses, pois não? E que tal começares por dizer o que fizeram com o Comandante.

- Eu já te disse, o teu Comandante está morto. Nós matámo-lo porque estava a colaborar com os “rebeldes”.

O homem que ele queria matar fazia parte do mesmo grupo que ele. Estranho e arrepiante ao mesmo tempo. Iria ele mesmo matar o Comandante ou já estava tudo preparado para ele matar este gajo? Talvez fosse este gajo a dar aquelas ordens de porcaria aos seus colegas, já não sabia bem. A única coisa que ele sabia é que tinha de matar o infiltrado, ou neste caso, o Comandante, fosse qual fosse.

- Quando descobri que ele estava a colaborar com eles, e que iria ser ele a fazer a troca do material, meti-me na sua pele e disse aos seus próprios homens para apanharem o homem que andava a desviar os seus ordenados há mais de três meses. Dei-lhes também uns recibos falsos que apresentavam gastos enormes pela parte do Comandante e fotos dele com os cheques dos ordenados.

“Com isso até o homem mais pacifico passa a acção”, pensa.

- Qual foi o verdadeiro destino desse dinheiro?

- Paras armas e para a combinação de todo o plano. Sabes, existem várias peças: eu, tu, o Bill, os Media, o Governo, o tal Senhor e até o Azel. Peças que podemos controlar facilmente se tivermos muito dinheiro. Mandei um dos nossos matar o Bill e fiz com que alguém visse isso, o mesmo a quem lhe tiraram o maço de cigarros. Com esse homem enfurecido e a querer matar todo o vosso grupozinho de “rebeldes”, seria muito mais fácil depois matá-lo quando tivesse o maço consigo, apoderar-nos do maço, controlar o povo e impôr a Anarquia total, dando-nos o maior número de noticias do que em qualquer outra cidade, dominando assim toda a televisão mundial com um share de fazer babar qualquer pessoa. Perfeito!

“Este gajo é doente”.

- Já chega de planos doentes da tua parte.

- Achas que matar-me vai fazer com que algo mude? O destino está traçado, a spessoas estão em casa aterrorizadas, em frente à televisão, esperando por novas noticias, as tropas e os grupos radicais lutam nas ruas pelo simples...

Um tiro na boa, seguido de um no coração. Remédio santo para calar uma pessoa de vez.

- Nunca mais usas essa porcaria de linguagem com ninguém.

Estava morto, o infiltrado estava morto e o seu trabalho estava concluido. Tinha conseguido completar a sua missão. Iria ser um heroi de certeza. Sai rapidamente da esquadra. Na rua a confusão instala-se, pessoas tentam roubar lojas, outras atiram cocktails para os prédios. Afinal sempre tinham conseguido incentivar a multidão, mas isso já não o preocupava. Agora só queria ir para casa e tentar explicar á sua mulher que iria ficar dentro de muito em breve num homem impotente. Mesmo que ninguém soubesse, dentro de si sabia que era um heroi. “Só se...eu conseguisse fazer uma pequena coisinha antes de ir para casa”.

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