quarta-feira, julho 26, 2006

Filme de Série - Z - Parte 4

Fecha a porta do carro, tira um rebuçado do bolso e mete-o na boca. Olha para o retrovisor e ajeita os óculos escuros. Ash entra no lugar do condutor ligando o motor. Olha para Jonsey, que continua a ajeitar-se.

- Hoje estamos muito vaidosos...

- Temos de estar sempre arranjados, meu.

Ash arranca com o carro.

- Onde é que é esse tal “local secreto”?

- Tens ai o papel, não é muito dificil.

- Eu não sou de cá.

- Então temos aqui um grande problema.

Ash rapidamente apanha a avenida principal para tentar perguntar pelo “local secreto”. “o que deixa de ser secreto”, pensa Jonsey enquanto põe mais um renuçado na boca. Olha novamente pelo retrovisor, mas desta vez vê um carro a aproximar-se deles na outra faixa. Ash acelera e passa-o. Jonsey sorri e olha para ver quem era. Não consegue ver a cara, mas o fato era muito parecido ao seu e aquele gesto com a mão era tipico da cidade.

- Mais um bocado e morriamos aqui.

- Sem stress, vê-se que não és de cá.(pausa) Pára nesta rua.

Jonsey abre o vidro e chama um velhote.

- O armazém? Estão longe. Têm de voltar para trás e apanhar a segunda estarada à direita. Depois é só ir em frente até a estrada acabar.

- Obrigado. Tome lá uma moeda.

O velhote olha para a moeda que Ash lhe atirou, olha novamente para Ash e cospe-lhe. Jonsey dá um soco no velho, tira-lhe a moeda e fecha rapidamente a janela.

- Arranca, estúpido!

Ash, ainda atrapalhado, consegue arrancar com o carro. Vira violentamente e consegue apanhar a estrada em direcção à rua secundária, exactamente de onde tinham vindo.
- Afinal de que porcaria de cidade é que tu vens?

Jonsey lha para Ash, que limpa a cara com um pano que tinha no carro. Estava um bocado chocado e assustado, e Jonsey conseguia sentir isso. Talvez se metesse conversa o conseguisse acalmar. Talvez sim, talvez não.

- Então, o que querias saber sobre esta nossa aventura?

- Talvez tudo. Eu não sei quase nada sobre a “nossa aventura”.

- Ui, tu deves estar mesmo à rasca de dinheiro, rapaz. Nem eu fazia isso.

- Tenho as minhas razões, nada mais.

- Nós vamos fazer uma pequena troca, mas isso tu já sabes. O que és capaz de não saber é que o objecto é demasiado valioso para nós podermos sequer pensar em fazer merda nesta entrega. Só a mais simples complicação com o objecto e mais vale matarmo-nos.

Ash fica ainda mais preocupado, olhando para o placard que diz “Estrada para o armazém abandonado”.

- É droga, não é?

- Droga? Não sei qual é a tua obsessão com droga...

- Então o que é?

- É “algo”, nada de mais.

- Nada de mais?

- Sim.

- Então o que o faz ser tão especial?

- O facto de ser único.

- Isto assim não dá...

- O que é para ti ser único?

- É ser apenas o que resta de algo.

- E o que é o algo?

Ash cala-se por uns momentos. Jonsey limpa os óculos escuros.

- Posso saber o que esse objecto fará?

- Nesta cidade existem três grandes forças: O Governo, os Media e a Companhia de Gelados.

- De gelados?

- As crianças matam por gelados. A maior rede de crime organizado desta cidade.

- Devem ter um Verão muito quente...

- Muito quente.

A estarada parece não ter fim. Não sie vê nada, sem ser o velho alcatrão. Uma paisagem que mais parece um bocado de cartão pintado com aguarelas. Jonsey sempre adorou as paisagens campestres, desde pequeno que smepre quis ter uma quinta, “Mas não é agora que vou ter, de certeza”.

- Estava a dizer...

- Desculpa. Pronto, tens essas três companhias e cada uma delas domina o mais que pode, apesar de ser o Governo quem tem mais poder.

- Quase que soa a querra de gangs.

- E é. O que nós aqui temos é um objecto que fará com que a revolta se instale na cidade, fazendo com que as duas companhias consigam derrubar o Governo, dividindo entre si o resto do controlo da cidade. É nós não queremos isso.

- Porquê?

- Porquê? Porque é o Governo quem mantêm a lei e sem lei nada feito nesta cidade. As outras não se sabem impôr, só sabem controlar e ao controlarem em demasiado só vão levar a uam espécie de revolta ainda maior do que esta que está prestes a rebentar.

- Tudo por causa deste objecto.

- Ya, é algo muito valioso para o povo desta cidade. Sem ele, vão-se passar e o Governo vai ao ar.

Ash vê outro placard enorme a dizer “Armazém- 5m. Fim desta estrada”, seguido de um fim precipitado da estrada, não havendo mais nada para lá dela.

- As estradas aqui quando acabam, acabam mesmo.

Saem do carro. Jonsey tira a mala e leva-a consigo. Ash fecha o carro. Um longo monte está à sua frente as pernas já não eram o que costumavam ser.
Ao chegarem ao topo, um enorme armazém ergue-se no horizonte, tal e qual um cartaz de compras de um hiper-mercado qualquer. A porta está fechada e Jonsey deixa a mala perto da entrada. Ash está parado, olhando para o horizonte e possivelmente nervoso. Jonsey deita-se num bocado de relva que estava ao lado de Ash.

- Já pensaste no verdadeiro sentido da vida?

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