Lucky Day
Saio dali a correr pela estrada fora tentando pensar pouco no que fiz, desato-me a rir e ato-me outra vez para ver o céu a ficar azul. Já estou muito longe do sitio que deixei a pouco, esse longe parece-me um passo olhando para trás, tenho de continuar.
Perdi a minha mulher no poker.
Acontece, como aquele programa cultural que dava na rtp 2, acontece.
Tinha a mão perfeita, estava imparavél nem Deus me ganharia nessa noite, se Deus me desafiasse eu "chuparia" todas as fichas dele e depois via-o à saida deitado no chão ao lado de uma garrafa de licor beirão...mas tal não aconteceu, não venci Deus como não venci o meu adversário Teddy Zarolho...o cabrão que só tem um olho ganhou-me no poker...
Tinha a mão perfeita, 5 ases.
Mas na devida altura perfeita não chegou, tinha que ter mais que perfeita.
Eu tinha 5 ases, Teddy Zarolho tinha 6 ases.
Assim a mulher mais bonita do mundo, a minha, deixou de ser minha e passou a satisfazer todas as vontades de Teddy.
-Olha querida eu vou só ali à casa de banho, fica aí com esse senhor que eu já volto.
Murmurei "a gente ve-se por aí." comecei a corrrer e só parei agora, estou capaz de regurgitar um pulmão, ou cuspir o meu apêndice.
Estou completamente perdido, o que é que eu faço?
Eu precisava do dinheiro que não ganhei...EU PRECISAVA DA MERDA DO DINHEIRO!!!
Não tinha nada, perdi o carro no poker , a casa no poker, a mulher no poker, os gémeos no poker, a minha virgindade no poker...não tinha nada.
Espera, tenho a bisnaga...a bisnaga que era para oferecer ao meu sobrinho pelos anos...não apareci na festa porque esbarrei contra o Zarolho que me convidou para o poker, a culpa é toda dele, vou mata-lo...pera não posso mata-lo com uma bisnaga. Não posso? vou afoga-lo até à morte.
Salto feito puto e saiem lágrimas de alegria de mim, a bisnaga era tudo para mim a minha felicidade deprimente de quem não tem nada, e de quem faz tudo apartir do nada...aquela bisnaga era o amor, os filhos, o dinheiro, uma fogueira e uma guitarra.
A minha dança estupida atraiu a atenção de um homem que estava a levantar dinheiro do outro lado da rua.
"A levantar dinheiro?", pera aí "vou te roubar madafacar".
"Passa!"
O homem careca mija-se todo, mal sabia ele que o máximo que eu lhe poderia fazer seria molhar-lhe o cabelo ou engasga-lo com um esquicho de agua.
O pobre senhor que me deu o seu dinheiro todo- que não era pouco- ficou espantado por eu ter pedido desculpas à medida que caminhava, mais uma vez...para fora de um sitio onde tinha perdido tudo.
45 minutos depois estou no hospital mais próximo...entro pelas urgências adentro de bisnaga em punho, o pessoal deita-se todo no chão.
"Façam-me feliz. JÁÁ!" e estupidamente primo o gatilho da minha bisnaga roxa, contudo o facto de eu não ter uma arma de verdade foi encuberto mais uma vez, desta vez foi pela estupidez do gajo que tinha sido atingido que, assim que sente a agua na sua pele começa a gritar "ÁCIDO ÁCIDO" e cai no chão sem nada e tão saudavel como quando entrou ali.
"Eu tenho dinheiro, eu posso pagar."
O unico médico que ouviu o meu pedido chegou-se ao pé de mim.
"Eu posso faze-lo feliz...implanto-lhe este chip e o senhor deixará de ter as memórias que o atormentam, ficando só com as...."
"CALA-TE CARALHO! FAZ-ME ISSO JÁ!"
Acordo não sei quanto tempo depois, sorrio não há preocupações, apetece-me levantar-me a abraçar o homem na cama ao lado que sofria atrozmente...apetece-me dançar em cima da cama ou simplesmente olhar pela janela e ver o pássaro roxo que poisou num ramo que se mexia suavemente empurrado pelo vento, passaro roxo que saltava no ramo fino.
Não fiz nada disso, a bófia é que acordou.
"Fiz-lhe a operação, mas não posso evitar que a policia o prenda por entrar no hospital armado."
"O quê? Eu fiz isso? Peço desculpa."
Tiram-me as amarras que me prendiam à cama e levam-me para a esquadra...pensava eu que me levavam para a esquadra...levam-me para um armazém.
-Aqui o tens Teddy.
-Obrigado Leonardo, dá os meu cumprimentos à Lidia.
-...Boa noite.
À minha frente estava um homem não muito alto que tinha um urso de peluche deitado no braço esquerdo e que não tinha o olho direito.
Como uma criança, como um reflexo pergunto como perdeu o olho.
Não reparo na mulher atrás dele com pele velha quase que a apodrecer assim como ele não repara na minha pergunta.
Três gordos do meu lado esquerdo começam a tocar um jazz e por vezes um blues fodido, desculpem a linguagem mas não há outra que descreva aquilo que ouvi....quer dizer, ouvi pouco e o que ouvia só ouvia no intervalo de socos extremamente violentos que chegavam a mim através de um homem grande, pálido, gordo e forte.
- Então, achavas que me poderias escapar?- diz o zarolho- o combinado não era só a mulher, então e a tua vida? tu apostaste a tua vida...não me venhas com merdas, a tua vida é minha.
Não percebia nada do que ele dizia.
O homem dos socos pára...vai buscar uma daquelas merdas para queimar gado e ri-se para mim.
Assim que o ferro começa a tocar na minha cabeça sinto o calor mais quente do que todos os outros calores, mais quente do que um pensamento que envolve-se a Monica Belluci e um jacuzzi...fodasse meu....era preciso fazer isso?
Ele afasta-se e grande parte do calor também. Começa a rir, agora tenho cravado a calor na cabeça a frase : i´m a fag-pedo-vuaier.
-Hey- diz o zarolho- tá mal escrito, não é "vuaier" é "voyeur".
O riso do homem grande, pálido, gordo e forte transforma-se em raiva e como resultado disso quase que me parte o crânio em dois com aquela direita fudida, desculpem a linguagem mas só assim consigo descrever aquele bonito momento.
Por entre o fio de sangue que saia da minha cabeça e aterrava no chão, por entre o cheiro a queimado vejo um quadrado cinzento a cair não sei bem de onde, já não sentia grande coisa.
E derepente bateu-me, tal e qual aqueles socos que apanhava ainda à pouco...
Perdi tudo no poker, a minha mulher aquela ao fundo com ar e com tudo de velha...
-Laura?!
-O gajo agora é cyborg é?- diz o gordo.
-Caga nisso, deve ser algum jogo do gameboy que ele não queria perder no poker e por isso implantou-o na cabeça. Então migo? Tudo o que foi teu agora é meu.....tu és meu, a tua vida é minha.
Como pude ser tão estupido? porque é que aceitava os convites de Teddy Zarolho para os jogos?
como é que perdi tudo? como cheguei a isto?
O passado parecia-me irreal, não queria saber o que era aquele quadrado cinzento, agora não importava. É um sonho? só pode....não, não era um sonho mas eu ainda tinha o sonho de que qualquer coisa que fizesse me iria tirar dali na boa, no chill. Mas não.
-Acabou-se partner, eu sou detentor da tua vida e não me sinto satisfeito com ela, é como um produto defeituoso que devolvo...e por isso vou-te devolver ao teu criador.
Aponta-me uma pistola.
Fosgasse, é agora...tenho de pensar, como é que vou sair daqui?
PENSA!
PENSA!
PENSA!
PENSA!
PENSA!
-hey!!!! Um baralho de cartas não tem assim tantos ases!!!!!
BANG!!!!!!!!
Yours sincerely...............Kid_d
Perdi a minha mulher no poker.
Acontece, como aquele programa cultural que dava na rtp 2, acontece.
Tinha a mão perfeita, estava imparavél nem Deus me ganharia nessa noite, se Deus me desafiasse eu "chuparia" todas as fichas dele e depois via-o à saida deitado no chão ao lado de uma garrafa de licor beirão...mas tal não aconteceu, não venci Deus como não venci o meu adversário Teddy Zarolho...o cabrão que só tem um olho ganhou-me no poker...
Tinha a mão perfeita, 5 ases.
Mas na devida altura perfeita não chegou, tinha que ter mais que perfeita.
Eu tinha 5 ases, Teddy Zarolho tinha 6 ases.
Assim a mulher mais bonita do mundo, a minha, deixou de ser minha e passou a satisfazer todas as vontades de Teddy.
-Olha querida eu vou só ali à casa de banho, fica aí com esse senhor que eu já volto.
Murmurei "a gente ve-se por aí." comecei a corrrer e só parei agora, estou capaz de regurgitar um pulmão, ou cuspir o meu apêndice.
Estou completamente perdido, o que é que eu faço?
Eu precisava do dinheiro que não ganhei...EU PRECISAVA DA MERDA DO DINHEIRO!!!
Não tinha nada, perdi o carro no poker , a casa no poker, a mulher no poker, os gémeos no poker, a minha virgindade no poker...não tinha nada.
Espera, tenho a bisnaga...a bisnaga que era para oferecer ao meu sobrinho pelos anos...não apareci na festa porque esbarrei contra o Zarolho que me convidou para o poker, a culpa é toda dele, vou mata-lo...pera não posso mata-lo com uma bisnaga. Não posso? vou afoga-lo até à morte.
Salto feito puto e saiem lágrimas de alegria de mim, a bisnaga era tudo para mim a minha felicidade deprimente de quem não tem nada, e de quem faz tudo apartir do nada...aquela bisnaga era o amor, os filhos, o dinheiro, uma fogueira e uma guitarra.
A minha dança estupida atraiu a atenção de um homem que estava a levantar dinheiro do outro lado da rua.
"A levantar dinheiro?", pera aí "vou te roubar madafacar".
"Passa!"
O homem careca mija-se todo, mal sabia ele que o máximo que eu lhe poderia fazer seria molhar-lhe o cabelo ou engasga-lo com um esquicho de agua.
O pobre senhor que me deu o seu dinheiro todo- que não era pouco- ficou espantado por eu ter pedido desculpas à medida que caminhava, mais uma vez...para fora de um sitio onde tinha perdido tudo.
45 minutos depois estou no hospital mais próximo...entro pelas urgências adentro de bisnaga em punho, o pessoal deita-se todo no chão.
"Façam-me feliz. JÁÁ!" e estupidamente primo o gatilho da minha bisnaga roxa, contudo o facto de eu não ter uma arma de verdade foi encuberto mais uma vez, desta vez foi pela estupidez do gajo que tinha sido atingido que, assim que sente a agua na sua pele começa a gritar "ÁCIDO ÁCIDO" e cai no chão sem nada e tão saudavel como quando entrou ali.
"Eu tenho dinheiro, eu posso pagar."
O unico médico que ouviu o meu pedido chegou-se ao pé de mim.
"Eu posso faze-lo feliz...implanto-lhe este chip e o senhor deixará de ter as memórias que o atormentam, ficando só com as...."
"CALA-TE CARALHO! FAZ-ME ISSO JÁ!"
Acordo não sei quanto tempo depois, sorrio não há preocupações, apetece-me levantar-me a abraçar o homem na cama ao lado que sofria atrozmente...apetece-me dançar em cima da cama ou simplesmente olhar pela janela e ver o pássaro roxo que poisou num ramo que se mexia suavemente empurrado pelo vento, passaro roxo que saltava no ramo fino.
Não fiz nada disso, a bófia é que acordou.
"Fiz-lhe a operação, mas não posso evitar que a policia o prenda por entrar no hospital armado."
"O quê? Eu fiz isso? Peço desculpa."
Tiram-me as amarras que me prendiam à cama e levam-me para a esquadra...pensava eu que me levavam para a esquadra...levam-me para um armazém.
-Aqui o tens Teddy.
-Obrigado Leonardo, dá os meu cumprimentos à Lidia.
-...Boa noite.
À minha frente estava um homem não muito alto que tinha um urso de peluche deitado no braço esquerdo e que não tinha o olho direito.
Como uma criança, como um reflexo pergunto como perdeu o olho.
Não reparo na mulher atrás dele com pele velha quase que a apodrecer assim como ele não repara na minha pergunta.
Três gordos do meu lado esquerdo começam a tocar um jazz e por vezes um blues fodido, desculpem a linguagem mas não há outra que descreva aquilo que ouvi....quer dizer, ouvi pouco e o que ouvia só ouvia no intervalo de socos extremamente violentos que chegavam a mim através de um homem grande, pálido, gordo e forte.
- Então, achavas que me poderias escapar?- diz o zarolho- o combinado não era só a mulher, então e a tua vida? tu apostaste a tua vida...não me venhas com merdas, a tua vida é minha.
Não percebia nada do que ele dizia.
O homem dos socos pára...vai buscar uma daquelas merdas para queimar gado e ri-se para mim.
Assim que o ferro começa a tocar na minha cabeça sinto o calor mais quente do que todos os outros calores, mais quente do que um pensamento que envolve-se a Monica Belluci e um jacuzzi...fodasse meu....era preciso fazer isso?
Ele afasta-se e grande parte do calor também. Começa a rir, agora tenho cravado a calor na cabeça a frase : i´m a fag-pedo-vuaier.
-Hey- diz o zarolho- tá mal escrito, não é "vuaier" é "voyeur".
O riso do homem grande, pálido, gordo e forte transforma-se em raiva e como resultado disso quase que me parte o crânio em dois com aquela direita fudida, desculpem a linguagem mas só assim consigo descrever aquele bonito momento.
Por entre o fio de sangue que saia da minha cabeça e aterrava no chão, por entre o cheiro a queimado vejo um quadrado cinzento a cair não sei bem de onde, já não sentia grande coisa.
E derepente bateu-me, tal e qual aqueles socos que apanhava ainda à pouco...
Perdi tudo no poker, a minha mulher aquela ao fundo com ar e com tudo de velha...
-Laura?!
-O gajo agora é cyborg é?- diz o gordo.
-Caga nisso, deve ser algum jogo do gameboy que ele não queria perder no poker e por isso implantou-o na cabeça. Então migo? Tudo o que foi teu agora é meu.....tu és meu, a tua vida é minha.
Como pude ser tão estupido? porque é que aceitava os convites de Teddy Zarolho para os jogos?
como é que perdi tudo? como cheguei a isto?
O passado parecia-me irreal, não queria saber o que era aquele quadrado cinzento, agora não importava. É um sonho? só pode....não, não era um sonho mas eu ainda tinha o sonho de que qualquer coisa que fizesse me iria tirar dali na boa, no chill. Mas não.
-Acabou-se partner, eu sou detentor da tua vida e não me sinto satisfeito com ela, é como um produto defeituoso que devolvo...e por isso vou-te devolver ao teu criador.
Aponta-me uma pistola.
Fosgasse, é agora...tenho de pensar, como é que vou sair daqui?
PENSA!
PENSA!
PENSA!
PENSA!
PENSA!
-hey!!!! Um baralho de cartas não tem assim tantos ases!!!!!
BANG!!!!!!!!
Yours sincerely...............Kid_d
Etiquetas: Kid_d
1 Comentários:
Parabéns pelo vosso blogue. Gostei e fiquei; se tivesse mais um tempinho, mais um tempinho ficava.
Até à próxima.
muitas-coisas.blogspot.com
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