sábado, fevereiro 12, 2011

EU ÀS VEZES PENSO NO QUE ESCREVO

Hoje vou escrever a coisa mais épica que alguma vez escrevi. Sim, vai ser hoje, não posso passar outro dia sem escrever isto. Vai ser tão, mas tão bom. Estou a pensar em colocar robots gigantes contra monstros radioactivos, tudo a combater por Lisboa, destruição por todo o lado. Era tão bom escrever uma coisa destas, cheio de acção e exagero, algo que deixasse as pessoas entusiasmadas. É isso mesmo que eu vou fazer.
Mas caraças, só com monstros? Hum, tenho de arranjar mais qualquer coisa. Não posso colocar só pessoal à porrada sem sentido. Quer dizer, puder até posso, mas não sei se seria o melhor. Talvez faça uma história igualmente exagerada, muito série B, cheio de personagens malucos e caricaturais. Aliás, até podia fazer uma critica qualquer ao país, assim ficava uma sátira.
Talvez aposte na história de uma nação que se tenta recompor depois de anos difíceis devido à má economia mundial e que se vê no meio de uma luta entre monstros, onde se terão de unir e encontrar o verdadeiro significado de serem uma nação. Talvez isso seja um bocado mais sério do que aquilo que queria, mas chama mais a atenção e sempre dá para as pessoas se relacionarem. Posso pegar neste tema e torná-lo um pouco mais leve, com comédia e sequências com mais acção. Sim, podia.
Mas estou a sentir que se passar tudo para a comédia, perco o tom. A união de uma nação contra um mal exterior é muito forte. Tenho inúmeras formas de construir a história, vários personagens e focar-me no espírito da nossa nação. Com os problemas que temos tido, acho que uma história destas iria levantar a moral ou, pelo menos, fazer as pessoas pensar. Pode não ser o que tinha em mente, mas funciona e bem.
E os monstros e robots? De onde vêm? Radioactivos, tudo bem, mas nós temos suficiente para criar algo desse género? Não me importo de não explicar como tudo acontece, adoro quando não o fazem nos filmes de “zombies”, mas tenho dois tons na história. De um lado, monstros gigantes à porrada, do outro, a história de uma nação que aprende a lutar. São duas fases completamente diferentes que podem ser construídas paralelamente, sim, mas uma das partes pode suplantar a outra e dar cabo da mensagem.
E qual é a mensagem? Quando monstros gigantes lutam é melhor que nos juntemos ou morremos todos? É isso que quero como mensagem? Voltando à parte da nação, a mensagem está ai tenho quase a certeza. “A união faz a força” não é do mais original que anda por ai, mas resulta. Tenho de tornar os problemas mais actuais, fazer com que os espectadores se relacionem com o que vêem no filme. Criar personagens que digam algo ao povo português, quero que saiam com vontade de abraçar a pessoa que está ao seu lado e trabalharem em conjunto para melhorar a nossa situação actual.
Tenho de tirar os monstros, começo a achar que não fazem sentido. Uma guerra seria melhor, mais real e cru. Qualquer um de nós tem medo da guerra porque sabemos que pode acontecer a qualquer momento. Sabermos que temos de lutar e que pudemos morrer assusta qualquer um. Os monstros iriam estragar essa experiência, mas a guerra vai trazer ao de cima a união e a vontade de defendermos o que é nosso.
Portugal seria invadido por uma nova super potência e seriamos os últimos numa série de invasões, tal como no século XVIII e as invasões Napoleónicas. Começamos com um país minimamente unido, todos preocupados com os seus problemas, mas que se vêem numa situação de vida ou de morte quando a invasão finalmente chega até eles. Têm de descobrir uma forma de se unirem e trabalharem em conjunto, colocar de lado os seus problemas e lutarem finalmente como uma nação. A nossa independência está em risco, temos de lutar por ela!
Ó sim, isto vai ser bom. Vai ser o primeiro filme a unir os portugueses tanto quanto um jogo de futebol conseguiria. Isto vai correr extremamente bem!
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Pode ser um mau exemplo, mas isto acontece-me. Claro que não ando a escrever histórias sobre invasões, mas toda esta pequena evolução da história acaba por me afectar. Já não sou aquele gajo que tinha ideias malucas só por ter, começo a pensar nos “porquês” das histórias e qual a mensagem que quero passar. Mesmo que escreva um filme sobre monstros, há sempre algo por detrás, não são apenas monstros. É inevitável, é uma evolução e eu acho-lhe imensa piada.
Caraças, cresci.

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1 Comentários:

Blogger Gui disse...

A melhor maneira de usares monstros e porrada a gosto sem ninguém te chatear intelectualmente é usares sempre a mesma desculpa:

"É tudo uma metáfora, não percebem?"

gui ;)

10:59 da manhã  

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